O segredo do sucesso com Edmilson Filho no TEDxFortaleza

Tradutor: Erick Araujo
Revisor: Claudia Sander

Eu ia falar em “cearensês”,
mas mudei de ideia na última hora, porque me falaram ali que isto
vai ser legendado em inglês, depois. Agora imagine o suplício do homem
quando for fazer a tradução, ia ser complicado. Bom, eu estou insuportavelmente feliz
por estar aqui hoje participando do TEDx. A minha mulher, lá nos Estados Unidos,
está vendo on-line, isso é um negócio fabuloso. E o TEDx, o que é? É compartilhar.
A gente está aqui pra compartilhar. Eu cheguei mais cedo, fiquei vendo
as palestras dos meus colegas ali. Aprendi muita coisa com o Célio Belém. Aprendi com ele que nunca quero viajar
de avião do lado dum homem daqueles, porque vai que ele começa a debater
comigo em uma viagem longa, não dá certo. (Risos) Eu aprendi com a advogada que eu não
vou mais olhar sacanagem na internet. (Risos) Aprendi com o biólogo que eu vou dizer:

“Minha filha, pode brincar com o sapo,
mas se você cegar eu lhe mato”. (Risos) E a do rapaz, como é o nome dele?
O da avó. Cadê ele? Foi embora? Do Fernando, eu ia falar dele,
mas aí eu esqueci. Mas, enfim… (Risos) É, tem que ser comédia. Sou comediante, a gente tem que brincar
com isso, e eu brinco muito com o momento. Eu vim pra cá hoje contar pra vocês
um pouco da minha história como atleta, como ator. Eu vivo de motivação,
a minha vida toda foi de motivação. Quando eu era muito jovem,
eu tinha uma certeza na minha vida: “Rapaz, liso eu não vou ser. Não sei como. Não vou roubar, não vou
matar, mas tenho que ser bem-sucedido”. Eu não pensava em sucesso, porque
o sucesso pode ser muito temporário. O cara vai pro BBB, faz um negócio ali,
mostra a bunda e é sucesso. E ser bem-sucedido, não. Ser bem-sucedido, você pode ser jardineiro,
pode ser motorista de táxi, você pode ser um pai de família,
mãe, não interessa. Você pode ser bem-sucedido. Então, eu tenho essa diferença muito
grande entre sucesso e ser bem-sucedido. Por que estou falando isso? Porque todo mundo me pergunta:
“Edmilson, qual o segredo do sucesso? O que eu faço pra ser bem-sucedido,
pra ter sucesso, pra estar na televisão?” Todo mundo sabe
qual é o segredo do sucesso. Isso já vem desde a época antes de Cristo,
já tinha gente bem-sucedida naquela época. O pobre, o médio, o rico, sempre sai gente
que é bem-sucedida, histórias fantásticas. Então por que a gente fica perguntando
qual é o segredo do sucesso? E a minha teoria é:
porque a gente não acredita nelas. A gente acha: “Ah rapaz,
isso aí não dá pra mim não”. Então, você fica sempre
procurando uma coisa mais fácil. E eu descobri que,
antes de qualquer coisa, você tem que saber onde é que você está, o que você está fazendo e aonde você quer chegar. É aí que começa a minha história.
Todo mundo quer ser feliz. A gente está aqui hoje, mas o objetivo
aqui é a felicidade, não tem jeito. É pra aprender, é pra compartilhar. E todo mundo precisa do outro,
você não consegue nada sozinho. Eu comecei como comediante em 1993
com um amigo meu, o Haroldo, que estudou comigo na escola, e eu ganhei um festival de humor
no Shopping Aldeota, aqui em Fortaleza. A comédia, pra mim, a brincadeira,
a piada, vem muito fácil. Daí eu descobri: “Rapaz, acho que eu tenho
talento, vou fazer o povo rir”. E ganhei o festival com 17 anos, não tinha
sonhos ali de fazer filme, nada disso. Enfim. Junto com essa carreira
de comediante, eu fui atleta de Taekwondo. Comecei na faixa branca,
cheguei à faixa preta, fui campeão cearense,
fui campeão Norte-Nordeste, cheguei a ser três vezes
campeão brasileiro, fui da Seleção Brasileira,
viajei por mais de 25 países. E, nesse período, eu dei uma pausa: “Eu vou voltar a atuar.
Não sei quando, mas um dia eu volto”. Por quê? Porque quando você é atleta,
você sabe que tem uma vida muito curta, você vai, aos 30, 30 e poucos anos
já não tem o rendimento de um cara de 19, não tem como comparar. E fazer comédia, atuar, fazer
cinema, eu posso ter 60 anos e estar lá, de alguma forma eu vou conseguir
me expressar através da arte. Quando eu fui pros Estados Unidos, eu cheguei lá, rapaz, na época,
com US$ 200 no bolso. Com US$ 200 você não compra
nem um iPhone. (Risos) Fui, saí daqui: “Mãe, eu vou”. Passei um tempo pra decidir. “Meu filho, mas você vai,
mas não baixe a cabeça não, pode voltar, porque rapadura
aqui em casa não falta. De fome você não morre, não é?” Fui. Não sabia falar inglês. A minha primeira meta
era aprender a falar inglês. Porque eu dizia “good morning” de noite. (Risos) O meu inglês era aquele nível T1
do Ibeu, o mais fraco que tinha. Eu aprendi a falar, quando saí daqui, com aquele negócio do Diário do Nordeste,
que tinha CDs, que você ficava repetindo, ou seja, eu não aprendi nada. (Risos) Cheguei lá, vi todo mundo
falando inglês, e eu: “Tenho que aprender esse negócio”. O que eu fiz? Primeiro:
me liguei na internet. Nessa época não tinha Facebook, Instagram.
Era Orkut, MSN, ICQ, não sei o que mais. Mas tinha já as redes sociais. E eu: “Não, vou me desligar disso.
Eu tenho que focar e aprender a língua. Se eu não falar, como vou conseguir
me desenrolar aqui nos Estados Unidos?” Eu aprendi muito rápido. Num período de seis meses, eu já estava
me comunicando, entendendo bem. Porque têm [níveis]
de aprendizado do inglês. Você acha que entende, mas não entende. O cara entende a palavra,
mas não sabe qual o contexto. O cara acha que fala, mas fala errado. E eu não. Nesses seis meses eu parei. Não mandava e-mail em português,
não falava com brasileiro, não que eu quisesse ser melhor,
mas pra me envolver com americanos. Era o foco de aprender
a língua o mais rápido possível. Não ficava com negócio
de mensagem e internet, eu vejo muitos brasileiros,
quando vão pros EUA, ele está lá, e em vez de aprender inglês,
ele está na rede social. Eu incuti na minha cabeça: “Eu posso ir,
eu posso me dar mal, mas no mínimo eu volto falando inglês
e vou ensinar inglês. No mínimo, eu tenho que falar inglês.” Então essa era minha meta número um: aprender a falar inglês pra conseguir
dar minhas aulas de Taekwondo, porque, na época, eu fui pra dar aula. Não estava mais competindo
depois das olimpíadas de Sidney. Estou falando muito rápido? (Risos) Responde. Plateia: Não. Edmilson Filho: Não, né? Depois das olimpíadas de Sidney,
que eu não me classifiquei pra olimpíada, eu tive um convite, e fui
pra dar aula numa academia lá. Foi aí que eu conheci uma americana
que ficou apaixonada por mim, mesmo eu sendo muito feio. (Risos) Eu, com US$ 200 no bolso. Na verdade, gastei US$ 50
quando cheguei, fiquei com US$ 150. Arranjei uma bicicleta emprestada. A mulher já trabalhava, tinha
o carro dela e era aluna da academia. Eu pensei: “Rapaz, essa mulher
está olhando pra mim”. (Risos) “Acho que ela está
botando quebranto em mim.” (Risos) Eu, com a cabeça desse tamanho, 15 quilos mais magro
do que sou hoje, daí você tira. Tinha só os dentes e a cabeça. (Risos) Que diabos aquela mulher viu em mim? Eu sempre tinha essa pergunta:
“Rapaz, eu não tenho nada pra oferecer, não tenho dinheiro, não falo inglês,
não sou bonito, o que foi que ela viu? Ah, ela deve ter visto o potencial”. Eu acho que é. “Rapaz, esse cara tem potencial.” E realmente tenho,
olha como eu estou hoje. (Risos) Mais bonito e tudo. E ela acreditou nesse
potencial que eu tinha. E com ela eu aprendi
a falar inglês mais rápido. E não pensava mais em fazer arte:
“Acabou, não dá mais”. Quando foi isso? Em 2000. Em 2004, o Halder Gomes,
que é o diretor do “Cine Holliúdy”, me convidou pra fazer
“O Astista contra o Cabra do Mal”, que foi o curta que deu origem
ao “Cine Holliúdy”. Eu vim pra cá, a gente ganhou um prêmio
da Petrobrás, acho que de R$ 80 mil, e gravamos tudo em uma semana. Foi um sucesso estrondoso. O filme entrou
em mais de 80 festivais, em 40 países. E daí eu fui seduzido novamente pela arte,
o cinema foi o que me seduziu. Eu podia estar fazendo comédia,
fazendo teatro, mas o cinema me seduziu. Daí a gente começou um trabalho
de formiguinha, realmente. De saber onde a gente estava
e aonde a gente ia chegar. Começou o roteiro do “Cine Holliúdy”, ele me chamou pra outros filmes,
fiz algumas pontas, mas eu sabia que a grande jogada era
quando eu chegaria no Francisgleydsson, que era onde eu ia me revelar como ator,
como comediante, como celebridade, molecagem cearense, enfim. E eu esperei, a gente esperou seis anos
até o lançamento do filme, pra ter a certeza de que a gente estava
com um tesouro muito grande na mão. A gente sabia que ia ter uma resposta
positiva do povo do Ceará, porque a gente estava
meio perdido nesse meio cultural. Pernambuco tem muita força na cultura, o baiano também, o cearense tem,
mas não tem, ninguém sabe o que era. Estava perdido no ar esse humor
verbalizado, que é nosso. Que a gente consegue
se comunicar através da língua, de uma maneira que não tem classe social, pode ser o cara que está
pastorando teu carro: “Opa, major. Opa, patrão. Tudo bom?” O advogado desce e ele fala do mesmo
jeito: “Macho, tu é doido, tu viu o jogo?” Ou seja, a gente consegue,
de alguma forma, ter essa forma verbalizada
de se comunicar, que é muito unida entre todas as classes. “Cara, a gente vai usar isso, está solto.
Por que ninguém pegou antes? O que é isso?” Porque depois que é feito, é muito fácil. Teve toda uma luta pra gente conseguir, vivendo em cheque especial
e o diabo a quatro, até fazer o filme. Hoje o pessoal me pergunta: “Cara, como tu vem duma hora pra outra,
tu apareceu e foi o maior sucesso?” Nada é duma hora pra outra. Nada. Até um menino demora
pra você fazer, às vezes, né? Leva uns nove meses pra nascer. Nada é duma hora pra outra,
tudo tem uma história por trás, vá ver o que é, o que o cara passou,
o que o cara sofreu, enfim. Tudo nesse período era aprendizado,
pra quando eu chegasse no personagem eu tivesse 100% de aproveitamento,
que acho que eu tive. Recebi prêmios e tal, enfim. O filme foi um sucesso por conta
também dessa história, que era esse cara tão carismático,
o Francisgleydisson, que é um pouco do Edmilson também, você vê que eu falo como ele,
mexendo as mãos. (Risos) E o que me deixou, na época
do lançamento do filme, mais empolgado foi que o povo do Ceará
vestiu a camisa e pensou: “Cara, a gente é isso aqui,
a gente é cearense”. A crítica, às vezes, falava mal, mas o povo, no geral, abraçou
com uma força tremenda. Por isso que a gente conseguiu conquistar
o Nordeste e conquistar o Brasil todo. Agora vou voltar lá pro começo. Onde eu estava, o que eu queria,
aonde vou chegar. Eu não queria ser liso.
Não sabia o que era. Mas eu tinha uma certeza desse potencial,
que a minha mulher descobriu na época, que foi me dando forças
até chegar onde estou hoje, todos nós temos esse potencial,
a gente tem que descobrir o que é. O que impede a gente de, às vezes,
conseguir as coisas é que, primeiro, todo mundo quer, todo mundo quer sucesso,
ser bem-sucedido, ser feliz. Tem a categoria um: o que não sabe como. “Eu quero, não sei o que é,
mas eu vou fazer alguma coisa”. Ou seja, você não sabe onde está,
você não se conhece. O dois: o cara sabe onde está,
ele sabe aonde quer chegar, mas quando ele olha lá na frente: “Ixe, é difícil demais. Não dá não,
é muito difícil. Não vou conseguir não”. Ele próprio já se derrotou
antes de começar. E tem a terceira: ele quer chegar lá,
aí aparece o Edmilson no meio. “Égua, macho. Eu não sou igual ao Edmilson
não, tu é doido? Não tem condições não. Eu não sou igual àquele cara não. Eu quero, mas aquele cara
se garante demais.” Você está, ainda mais,
anulando o seu potencial, porque você pode ser melhor do que eu. Dentro da sua realidade, não estou dizendo
que você vai ser comediante, ator, enfim. Você pode ser um biólogo
melhor do que o… esqueci o nome do cara, do que o Hugo. Você pode escrever um livro
melhor do que o Fernando. Você pode procurar coisas na internet
melhor do que a Lígia. Você pode debater melhor do que o Célio. A gente pode ser sempre melhor, cara. Mas o importante num momento como esse, é cada um de vocês saber
que a gente faz parte de um todo. A gente faz parte de um conjunto. Eu só estou aqui porque vocês estão aí. Se não tivesse ninguém,
eu estava falando pra quem? E se eu não estivesse aqui,
vocês estavam olhando pra quem? Então a gente tem que saber
que faz parte de um todo, saber onde a gente está,
saber aonde a gente vai chegar. A pessoa que está lá na última fila,
ela está lá, sozinha, lá no final me vendo porque tem a primeira fila aqui. Porque se não tivesse
a primeira fila, ela estava aqui, depende da primeira fila,
e a primeira só existe… (Risos) e a primeira fila só existe porque tem
a última, porque se tiver só a primeira, que vantagem, só tem tu. (Risos) Não é? Então a gente precisa, de alguma forma, é isso que coloco na minha vida,
essa motivação de saber que preciso dos outros, do meu público,
de quem está do meu lado, pessoas boas, logicamente; e saber onde estou, quem sou,
e aonde quero chegar. Vou jogar pra vocês, agora, uma história
que acontece na vida da gente, que a gente tem uma sensação errada
de controle, acha que está no controle. “Eu tenho controle do meu sucesso,
eu me garanto, eu sei.” Não sei, cara. Não sei o dia de amanhã,
ninguém controla nada. Eu ando muito de mãos dadas
com minha mulher nas lojas, no centro, no shopping. O pessoal chega pra mim: “Edmilson, cara.
Que casamento feliz o de vocês. Vocês sempre andam de mãos dadas”. E eu: “Rapaz, é não. É porque
se eu soltar, ela vai comprar”. Ou seja… (Risos) É uma sensação de controle que eu tenho, porque quando ela está só,
ela compra do mesmo jeito. É uma ilusão de controle. A gente é um mosquito
no parabrisa na rodoviária, vai passando, vem um ônibus,
puf, acabou. Somos nós. Duma hora pra outra a gente desaparece,
a gente não vale nada. Então, aproveitar, eu gostei muito
duma frase do Fernando: “É o momento”, claro que não inconsequentemente,
a gente tem que viver esse momento, aproveitar as coisas
que vêm ao nosso redor. Tem um negócio que eu vi uma vez,
engraçado, do Steve Jobs, aquele homem do negócio lá das Apple, que ele falava que todos os pontos
se conectam de alguma forma. Meu irmão, eu achei isso genial,
porque realmente é. Uma coisa que você faz na vida,
você vai fazer datilografia, e nem sabe, lá na frente você vai usar. Alguém já fez datilografia? (Risos) Vai fazer informática,
você vai aprender inglês, em algum momento da sua vida você vai
usar aquilo. Por que estou falando isso? Porque o cara chega e fala:
“Edmilson, não tenho oportunidades”. “Você teve. [Mas] você
não estava pronto pra ela.” Oportunidades aparecem a todo momento,
mas você tem que estar pronto pra elas, tem que estar superpreparado. Como é que você se prepara?
Não sei. Não me pergunte não. A preparação é você ir pra faculdade
todos os dias, é estudar, ler, comprar um livro,
pesquisar coisas na internet. Em algum momento você vai usar. Quem diria que quando comecei a fazer
artes marciais, eu iria fazer um filme, 20 anos depois,
e usar artes marciais nele? Nem eu, nem ninguém. Talvez só Deus. Eu usei uma ferramenta
que eu tinha, que aprendi lá atrás, pra fazer uma cena antológica,
como o próprio Fernando Meirelles falou, que iria deixar Charles Chaplin
de boca aberta. Pense. E eu usei lá na frente,
uma ferramenta que eu tinha. Então a gente tem que aproveitar
tudo que aparece ao nosso redor, porque pode ser uma coisa muito simples,
pode ser um curso de jardinagem, em algum momento você vai usar,
e se não usar, não se perde não, ensine pro seu filho, dê pro vizinho. Tem gente que já pensou maldade. (Risos) O conhecimento, entendeu? Então, a gente trabalhando, de novo,
“onde você está”, “o que você faz”, conhecendo as suas ferramentas, as coisas
que você usa no decorrer da sua vida, que você aprende na faculdade,
no seu curso, seus amigos, coisas que seus pais ensinaram,
que você aprendeu na televisão, internet. Agora eu falei ligeiro. Em algum momento você vai usar isso. O segredo do sucesso? Vou dizer
pra vocês, pra terminar por aqui. Acreditar, esse é o segredo do sucesso. Obrigado. (Aplausos)

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